O Coração na Educação: Construindo Escolas com Propósito
1 de 4 da série "Revolucionando o Sistema Educacional Brasileiro"
“Revolucionando o Sistema Educacional Brasileiro”
Sim.
Esse título é bem pretensioso…
Nem sei se é possível fazer isso. Talvez apenas no campo da teoria. E como, teoricamente, podemos tudo, vamos teorizar.
A minha experiência em escolas internacionais, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, já faz muito tempo. Já contam décadas. Mas foi muito marcante. Tenho ótimas lembranças dos quase 10 anos que estudei fora. Dos professores, do ambiente escolar, da confraternização com colegas de, literalmente, todos os cantos do mundo. Tanto que estou aqui, sem conseguir fugir do ramo da educação. O mais próximo que consegui encontrar disso aqui no Brasil, sem contar as escolas internacionais, das quais também tenho quase 8 anos de ótimas lembranças, foi no ensino do inglês como língua estrangeira.
Quando chegou a minha hora de buscar uma escola para as minhas filhas, o trauma das péssimas experiências que tive nas escolas onde estagiei, enquanto eu cursava Pedagogia, voltaram para me assombrar. Fui, com muita desconfiança, visitar várias escolas. Saí correndo da maioria. Mas consegui encontrar algumas poucas que tinham o coração no lugar certo. Faltava, talvez, experiência em administração escolar (ou até administração em geral digo isso porque minha primeira formação foi em administração), mas vai… me resignei. É o que temos, então a gente vai se ajudando.
Eu estou muito longe de conseguir prover, às minhas filhas, o privilégio que eu tive quando jovem. Mas eu fico querendo oferecer uma visão mais abrangente do mundo. Quero que elas possam interagir com o mundo quando a oportunidade se apresentar a elas.
Mas como fazer isso?
A creche onde elas “estudavam” passou por uma reestruturação no pós pandemia, quando adotaram um “método de ensino” de uma grande editora supostamente especializada em educação. Meu “sentido aranha” disparou..
Tem algo errado aqui…
O instituto binacional onde trabalho fornecia aulas de inglês para essa escola. Eles quebraram o contrato e adoraram outro sistema de ensino enlatado que não valia nada para o inglês, contrataram professoras com conhecimento menos que básico do idioma, e passaram a anunciar para todos que agora seriam uma escola bilíngue: teriam “aulas de inglês” todos os dias! Olha que legal! diziam eles…
Oi?!?!?
Desde quando ter “aulas de inglês” todos os dias faz uma escola ser bilíngue?!? Eu estudei em escolas bilíngues. As aulas eram EM inglês. O que é bem diferente. Aulas DE inglês e Aulas EM inglês. Não acham?
No meu conceito, para uma escola ser bilíngue, ela precisa dividir o tempo de ensino nos dois idiomas em 50/50: metade do tempo em um idioma e metade do tempo em outro. Eu tinha aulas de matemática em espanhol pela manhã e de novo pela tarde em inglês. História em espanhol e geografia em inglês. É meio a meio.
Foi quando, eu já quase surtando, a sorte de uma pequena escola, com uma proposta pedagógica desenvolvia por uma dissidente de onde eu trabalho, abriu bem pertinho da creche das meninas.
100% do tempo em inglês para o ensino infantil? 50/50 no fundamental?! Caramba?!? São bilíngues de verdade!
Mas é caro e meio…
Tem desconto vitalício para aluno fundador!!!
Ficou só um pouco mais caro que a creche?!?
Tchau, creche. Fui
Ou melhor: fomos…
Já alguns anos se passaram. Estou feliz com a nossa escolha. Não posso dizer que tem sido tudo um mar de rosas. Parece que a falta de conhecimento em administração escolar é onipresente nesta terra… enfim, papo para outro post.
Aos pouco fui entendendo como que eles estão trabalhando essa questão do bilinguismo. Afinal, temos a BNCC para seguir.
A escola nos explicou que o currículo em inglês que eles usam é o International Primary Curriculum (IPC - pronunciado “AI-PI-SI”). E eles usam esse currículo para atender a BNCC e ir além em línguas estrangeiras, geografia, matemática e outras vertentes.
Eu não conhecia o IPC. Eu conhecia o Advanced Placement (AP - “ÊI-PI”), que é o programa de estudos avançados no Estados Unidos, e o International Baccalaureate Program (IB - “AI-BI”), que, na minha cabeça, era o programa europeu. Depois que fui entender que IB é muito mais internacionalizado, sendo muito adotado na Ásia também.
Achei muito interessante essa fusão entre a BNCC e o IPC que eles estão fazendo.
Acabou que a instituição binacional onde trabalho abriu uma escola, também bilíngue, e também adotaram o IPC como componente complementar à BNCC. Essa escola fica muito longe de onde eu moro e é tempo integral. Achamos melhor deixar nossas filhas onde estão. Mas fiquei intrigado.
Porquê o IPC e não o IB?
Para esta e outras respostas, acompanhe para o próximo post.