Pedagotech
Pedagotech
Drops 3 | O Coração na Educação: Construindo Escolas com Propósito
0:00
-6:57

Drops 3 | O Coração na Educação: Construindo Escolas com Propósito

1 de 4 da série "Revolucionando o Sistema Educacional Brasileiro"
Transcrição

No transcript...

Sim.

Esse título é bem pretensioso…

Nem sei se é possível fazer isso. Talvez apenas no campo da teoria. E como, teoricamente, podemos tudo, vamos teorizar.

A minha experiência em escolas internacionais, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, já faz muito tempo. Já contam décadas. Mas foi muito marcante. Tenho ótimas lembranças dos quase 10 anos que estudei fora. Dos professores, do ambiente escolar, da confraternização com colegas de, literalmente, todos os cantos do mundo. Tanto que estou aqui, sem conseguir fugir do ramo da educação. O mais próximo que consegui encontrar disso aqui no Brasil, sem contar as escolas internacionais, das quais também tenho quase 8 anos de ótimas lembranças, foi no ensino do inglês como língua estrangeira.

Quando chegou a minha hora de buscar uma escola para as minhas filhas, o trauma das péssimas experiências que tive nas escolas onde estagiei, enquanto eu cursava Pedagogia, voltaram para me assombrar. Fui, com muita desconfiança, visitar várias escolas. Saí correndo da maioria. Mas consegui encontrar algumas poucas que tinham o coração no lugar certo. Faltava, talvez, experiência em administração escolar (ou até administração em geral digo isso porque minha primeira formação foi em administração), mas vai… me resignei. É o que temos, então a gente vai se ajudando.

Eu estou muito longe de conseguir prover, às minhas filhas, o privilégio que eu tive quando jovem. Mas eu fico querendo oferecer uma visão mais abrangente do mundo. Quero que elas possam interagir com o mundo quando a oportunidade se apresentar a elas.

Mas como fazer isso?

A creche onde elas “estudavam” passou por uma reestruturação no pós pandemia, quando adotaram um “método de ensino” de uma grande editora supostamente especializada em educação. Meu “sentido aranha” disparou..

Explore spider sense GIFs

Tem algo errado aqui…

O instituto binacional onde trabalho fornecia aulas de inglês para essa escola. Eles quebraram o contrato e adoraram outro sistema de ensino enlatado que não valia nada para o inglês, contrataram professoras com conhecimento menos que básico do idioma, e passaram a anunciar para todos que agora seriam uma escola bilíngue: teriam “aulas de inglês” todos os dias! Olha que legal! diziam eles…

Oi?!?!?

Desde quando ter “aulas de inglês” todos os dias faz uma escola ser bilíngue?!? Eu estudei em escolas bilíngues. As aulas eram EM inglês. O que é bem diferente. Aulas DE inglês e Aulas EM inglês. Não acham?

No meu conceito, para uma escola ser bilíngue, ela precisa dividir o tempo de ensino nos dois idiomas em 50/50: metade do tempo em um idioma e metade do tempo em outro. Eu tinha aulas de matemática em espanhol pela manhã e de novo pela tarde em inglês. História em espanhol e geografia em inglês. É meio a meio.

Foi quando, eu já quase surtando, a sorte de uma pequena escola, com uma proposta pedagógica desenvolvia por uma dissidente de onde eu trabalho, abriu bem pertinho da creche das meninas.

100% do tempo em inglês para o ensino infantil? 50/50 no fundamental?! Caramba?!? São bilíngues de verdade!

Mas é caro e meio…

Tem desconto vitalício para aluno fundador!!!

Ficou só um pouco mais caro que a creche?!?

Tchau, creche. Fui

Ou melhor: fomos…Semana passada contei sobre minha experiência pessoal com escolas internacionais e minha saga para encontrar uma escola para minhas filhas.

Mencionei também que existem dois grandes currículos internacionais, que permitem às escolas trabalharem de forma padronizada e com foco em habilidades globais, preparando os alunos para o sucesso em um mundo cada vez mais interligado. São eles o:

  • International Baccalaureate (IB), que era o currículo usado na maioria das escolas onde estudei;

  • International Primary Curriculum (IPC), que parece ser o currículo mais popular nas escolas bilíngues aqui no Brasil. Este é o usado na escola das minhas filhas e também na escola montada pelo instituto binacional onde eu trabalho.

Quero explorar um pouco mais sobre esses dois currículos e, finalmente, montar uma sugestão de uso desses currículos que, enquanto sigam os eixos da BNCC, ajudem os alunos a irem além.

Vamos lá?

O que é IPC

No post de hoje, vou expor o que eu sei sobre o International Primary Curriculum. Tudo que achei é um breve resumo so que o IPC é, com um ou outro documento expondo um pouco mais sobre as funcionalidades internas do currículo. Acho que para ter acesso ao material tem que pagar mesmo. Vou ver se consigo mais informação lá na escola das minhas filhas….

Enquanto isso, sei que o IPC é apenas uma parte de três programas do mesmo currículo international. São eles:

  • International Early Years Curriculum (IEYC), que é referente ao ensino infantil

  • International Primary Curriculum (IPC), que é referente ao Ensino Fundamental - Anos Iniciais

  • International Middle Years Curriculum (IMYC), que é referente ao Ensino Fundamental Anos Finais.

Esse programa não contempla o Ensino Médio, e é aí que entro com o programa IB. Mas vamos por partes…

Vou focar no IPC, o currículo equivalente ao FUND I, porque entendo que o ensino infantil precisa focar mais no desenvolvimento socioemocional e não precisa ter um rigor acadêmico tão presente. Contudo, isso não quer dizer que eu não ache que o Ensino Infantil não possa se beneficiar de um currículo internacional, especialmente em um contexto bilíngue. Nada desse papo de esperar até os 10 anos de idade para aprender inglês. A janela do bilinguismo está aberta até por volta dessa idade, logo, o melhor é começar o mais cedo possível.

Segundo a escola Paragon International School, na Malásia:

O International Primary Curriculum (IPC) é um currículo abrangente, temático e criativo para crianças de 3 a 12 anos, com um processo claro de aprendizagem e metas de aprendizagem específicas para cada disciplina, para desenvolver uma perspectiva global e para a aprendizagem pessoal.

O IPC foi projetado para garantir uma aprendizagem rigorosa, mas também para ajudar os professores a tornar toda a aprendizagem envolvente, ativa e significativa para as crianças. A aprendizagem com o IPC adota uma abordagem global; ajudando os alunos a conectar sua aprendizagem ao local onde estão vivendo agora, bem como a olhar para a aprendizagem a partir da perspectiva de outras pessoas em outros países. O IPC é usado por escolas em mais de 90 países ao redor do mundo.

Como o IPC funciona

Achei bem difícil achar conteúdo que explique bem, ou que forneça exemplos de como o IPC funciona na prática. Uma das melhores fontes que achei for esse webinário da Fieldwork Education. Nele, os consultores expões como ajudam escolas britânicas implementam o currículo nacional britânico em conjunto com o IPC em um contexto internacional.

Bom, pelo que consegui compilar sobre o IPC, sabemos que o currículo contempla várias disciplinas como Language Arts (artes da linguagem em tradução livre), matemática, ciências, tecnologia da informação, história, geografia, arte, música, educação física e estudos sociais. O currículo trabalha com o que eles chamam de “Unidades de Aprendizagem”, que são baseadas em tópicos e incluem temas para ajudar as crianças a entender como diferentes áreas do currículo se interligam. Existem três “marcos” (mileposts) de aprendizagem para diferentes faixas etárias, cada um contendo unidades adaptadas para essa faixa etária. O IPC visa desenvolver não apenas conhecimento acadêmico, mas também características pessoais como resiliência, comunicação, cooperação e adaptabilidade.

Design do Currículo

O IPC é projetado para ser envolvente, rigoroso e agradável para alunos do ensino fundamental. Ele trabalha com a natureza transformadora da aprendizagem com o objetivo de ensinar a aprender. O currículo é abrangente, baseado em pesquisa e fundamentado em evidências.

Ele é dividido em 3 objetivos de aprendizagem:

  • Objetivos pessoais (Personal Learning goals)

  • Objetivos de conteúdo (Subject Learning goals)

  • Internacionais (Internacional)

Essas unidades de aprendizagem são flexíveis o suficiente para serem utilizadas no contexto local da escola. Por exemplo, em alguns países, as escolas já começam o ensino mais acadêmico aos cinco anos de idade, enquanto em outros países, aos seis anos.

Abordagem de Aprendizagem

O IPC oferece às crianças oportunidades para explorar vários temas envolventes em contextos locais, nacionais e internacionais. O foco está sempre em ajudar as crianças a aprender. Assim, as unidades oferecem trabalhos e exercícios com base em projetos e tarefas (PBL, TBL) de aprendizagem que respeita como as crianças aprendem melhor em uma faixa etária específica. O currículo é projetado em torno de um processo claro de aprendizagem e tem metas específicas de aprendizagem para cada matéria, objetivos pessoais e aprendizagem internacional.

Unidades de Trabalho

O IPC consiste em mais de 130 unidades temáticas de trabalho. As unidades são baseadas em temas globalmente relevantes que são relevantes tanto às crianças quanto aos professores. Elas são interdisciplinares e cobrem disciplinas como geografia, arte, ciências, história, música e tecnologia.

Implementação

O IPC é utilizado em escolas de mais de 90 países diferentes e é um dos currículos que mais está sendo adotado no mundo hoje, muito por causa da sua flexibilidade para trabalhar esse alinhamento com currículos nacionais. Ele usado por escolas em países diversos como Suazilândia, Malásia, Catar, Japão, Rússia, Reino Unido e, é claro, Brasil. Só no Reino Unido, segundo o webinário, o IPC está presente com quase 1.000 escolas, incluindo escolas de ensino fundamental públicas e privadas.

Conclusão

Enfim, o que aprendi pesquisando isso tudo?

Entendi que o IPC é um currículo abrangente e envolvente projetado para alunos com idades entre 5 e 11 anos. Ele é orientado por pesquisas internacionais e baseadas em evidências e tem como objetivo apoiar o desenvolvimento holístico dos alunos. O IPC consiste em unidades temáticas de trabalho que cobrem uma ampla gama de disciplinas e são projetadas para melhorar a aprendizagem das crianças. Ele é usado em escolas ao redor do mundo e pode ser alinhado com as diretrizes do currículo nacional em certos países. (Valeu pelo resumo, ChatGPT)

Alinhamento com o Currículo Nacional no Brasil

Agora vamos para o que interessa.

Para escolas no Brasil, os objetivos de aprendizagem do IPC podem ser alinhados com as áreas de conhecimento da BNCC. É claro que nem tudo bate 100%, mas podemos fazer esse alinhamento de forma a oferecer garantia aos professores de que seus alunos estão aprendendo de acordo com o orientado pela BNCC.

O IPC pode ser adaptado para incorporar objetivos de aprendizagem específicos e requisitos de conteúdo delineados na BNCC. Ao fazer esse alinhamento, escolas no Brasil podem garantir que seus alunos estejam atingindo os benchmarks educacionais necessários e progredindo em sua jornada de aprendizagem.

Esse alinhamento permite que as escolas brasileiras que utilizam o IPC ofereçam uma educação abrangente que pode até ser reconhecida internacionalmente, ao mesmo tempo em que abordam os requisitos específicos do currículo nacional. Ele fornece um framework para os professores planejarem e entregarem aulas que atendam tanto às perspectivas globais quanto às necessidades educacionais locais.

Ao combinar os pontos fortes do IPC e da BNCC, os alunos podem se beneficiar de uma educação mais completa, que vai além dos contextos nacionais, abrindo a mente de nossos alunos a contextos globais. Isso poderia até, quem sabe, facilitar a transição entre escolas que seguem o IPC (nacionais ou internacionais), promovendo continuidade nas experiências de aprendizagem dos alunos em vários contextos.

Em resumo, o IPC pode ser alinhado com o currículo nacional no Brasil, permitindo que as escolas ofereçam uma educação abrangente que atenda tanto aos padrões internacionais quanto aos requisitos específicos do Ministério da Educação do Brasil.

Quem sabe um dia a gente até possa ter Escolas Internacionais Brasileiras espalhadas pelo mundo?

1 Comentário
Pedagotech
Pedagotech
Olá professoras e professores do século 21! Bem-vindos à Pedagotech. Aqui vamos discutir estratégias para quebrar aquela aula monótona e trazer a sala de aula para o século 21. Combinando estratégias pedagógicas comprovadas com o poder da tecnologia, é possível dinamizar as experiências de aprendizagem de seus alunos. Seja você um novato ou um especialista em tecnologia, certamente sairá com novas ideias e estratégias para usar em sala amanhã!